"Vender jogos que ninguém joga é o segredo do Steam", diz analista

"Vender jogos que ninguém joga é o segredo do Steam", diz analista

O sucesso do Steam, a maior plataforma de jogos para PC, pode estar atrelado a um comportamento curioso, mas comum entre os usuários: comprar jogos sem jogá-los. Segundo o analista de mercado Chris Zukowski, esse hábito representa uma das maiores forças do ecossistema da Valve, que soube transformar o backlog gamer em um modelo de negócio lucrativo — tanto para a empresa quanto para os estúdios parceiros.

Zukowski aponta que o Steam atraiu um público que trata os videogames não apenas como passatempo, mas como um hobby de verdade. Isso significa que há jogadores dispostos a comprar dezenas de jogos por pura empolgação, sem necessariamente jogá-los na hora (ou em qualquer momento). “A Valve solucionou um problema que nem a Netflix conseguiu: como vender conteúdo a pessoas que já têm mais entretenimento do que tempo disponível para consumir”, afirmou.

Para o analista, o Steam não compete diretamente pelo tempo do jogador, como fazem plataformas como Netflix, Fortnite ou HBO Max. Ele compete por entusiasmo e intenção — e isso cria um ciclo diferente: os consumidores investem porque amam o meio, e não porque precisam consumir tudo imediatamente.

Outro ponto levantado por Zukowski é o papel das promoções e bundles acessíveis, que ajudaram a consolidar uma cultura de “acúmulo digital”, onde não há estigma em comprar um jogo e deixá-lo esquecido na biblioteca. “O mercado do Steam está cheio de super gamers que jogam dinheiro em games que não têm intenção de jogar”, declarou. Essa abundância de usuários dispostos a gastar justifica, segundo ele, a taxa de 30% cobrada pela Valve sobre cada venda realizada.

No entanto, o especialista reconhece que, embora o Steam seja um ambiente fértil, a concorrência dentro da loja é feroz. Com dezenas de novos lançamentos diários, se destacar se tornou um desafio. Para isso, Zukowski recomenda que desenvolvedores invistam em trailers cativantes, materiais de marketing fortes e até mesmo spoilers controlados — qualquer coisa que ajude a capturar a atenção de quem está sempre pronto para comprar, mesmo que não vá jogar.

Em suma, o segredo do sucesso do Steam está menos em “quanto” os usuários jogam e mais em “quanto” eles querem jogar algum dia — mesmo que esse dia nunca chegue.

Fonte: PC Gamer / How to Market a Game