Funcionários da King são substituídos por IA que ajudaram a treinar, revela denúncia

Funcionários da King são substituídos por IA que ajudaram a treinar, revela denúncia

A Microsoft voltou a ser alvo de críticas após novas demissões em sua divisão de jogos. Desta vez, o impacto recai sobre a King, estúdio responsável por Candy Crush, onde profissionais de áreas criativas foram substituídos por sistemas de inteligência artificial que eles mesmos ajudaram a desenvolver ao longo dos últimos anos.

Segundo o site MobileGamer.biz, equipes de narrativa, UX (experiência do usuário), criação de fases e análise de público foram dispensadas após contribuírem ativamente no treinamento de modelos de IA voltados justamente para essas funções. “Agora, esses mesmos especialistas receberam avisos de que seus cargos estão ameaçados”, afirma a reportagem, destacando o sentimento de frustração entre os ex-colaboradores.

Uma das fontes internas revelou que a decisão prioriza velocidade e economia em detrimento da qualidade criativa. “É revoltante ver a IA assumir o lugar de pessoas, mas a prioridade é eficiência e lucro, mesmo com a empresa indo bem financeiramente. Se queremos melhorar os jogos com mais feedback, é insano demitir os desenvolvedores”, desabafou.

As estimativas iniciais apontam para mais de 200 cortes apenas na King, número que corrobora o alerta feito pelo Bloomberg durante o anúncio das demissões em larga escala da divisão de games da Microsoft, que também afetaram outros estúdios.

O clima de insatisfação se estende para além da King. Na 343 Industries, responsável por Halo, o sentimento é semelhante. Em entrevista à Engadget, um desenvolvedor demonstrou revolta após receber um e-mail corporativo assinado por Phil Spencer celebrando a boa fase financeira do Xbox, poucos dias antes da dispensa de membros da equipe. “Estou furioso. A empresa está tentando substituir cargos por agentes de IA”, afirmou, mencionando a crescente dependência do Copilot da Microsoft em processos criativos.

Esse movimento levanta novamente o debate sobre os limites da automação em áreas que exigem intuição humana e paixão. Embora a IA prometa ganhos em produtividade, muitos analistas e profissionais alertam para o risco de uma indústria que sacrifica seu potencial criativo em troca de eficiência algorítmica.

“O que resta saber é até que ponto a IA pode replicar a criatividade e a paixão de desenvolvedores veteranos”, questiona a matéria da Engadget. Por ora, centenas de profissionais enfrentam um futuro incerto, vítimas de uma estratégia que parece priorizar máquinas ao invés de pessoas.

Fonte: Engadget