Executivo da EA Japão critica demissões no Xbox e alerta para cultura de resultados imediatos

Executivo da EA Japão critica demissões no Xbox e alerta para cultura de resultados imediatos

Mesmo vindo de uma empresa frequentemente associada a demissões e ao fechamento de estúdios, um executivo da Electronic Arts Japão decidiu se pronunciar contra a recente onda de cortes promovida pela Microsoft na divisão Xbox. Para Shaun Noguchi, gerente geral da EA no país, o cenário atual reflete uma cultura corporativa ocidental cada vez mais guiada pela urgência por lucros rápidos — algo que, segundo ele, traz efeitos nocivos para toda a indústria.

Em publicação feita no X (antigo Twitter), Noguchi destacou as diferenças culturais entre o Ocidente e o Japão quando se trata de reestruturações. “A palavra ‘reestruturação’ é frequentemente usada de forma relativamente ambígua no exterior, pois frequentemente tem uma conotação positiva, como reconstrução ou eficiência. No entanto, no Japão, ‘reestruturação’ é entendida como ‘demissões’, e a magnitude de seu impacto é mais fortemente reconhecida”, explicou.

Cortes no Xbox preocupam até concorrentes

O executivo também demonstrou empatia com os profissionais afetados pelas decisões da Microsoft, ressaltando que os efeitos desse tipo de medida extrapolam a empresa que os realiza. “Como alguém do mesmo setor, sinto uma forte dor com essa decisão”, afirmou. Em interações com outros usuários, Noguchi também comentou sobre a frustração gerada por projetos de longa duração que acabam cancelados pouco antes da conclusão.

“Mesmo se um produto final não seja o que as pessoas esperavam inicialmente, ainda acredito que ele merece ser lançado. Alguma coisa é melhor do que nada tanto para o time quanto para os jogadores”, defendeu. A declaração remete a casos como o MMO da ZeniMax Online, que estava em produção desde 2018 e foi cancelado como parte dos cortes da Microsoft.

Promessas vazias e cancelamentos minam confiança

Shaun Noguchi ainda fez críticas diretas à prática de anunciar jogos muito cedo, sem escopo definido ou garantia de entrega. Para ele, isso compromete tanto a relação entre estúdios e fãs quanto a moral interna das equipes. “Se não há um caminho claro para a entrega, nenhum escopo realístico, não o mostrem ainda. O hype sem um seguimento só queima a confiança entre os fãs e dentro dos estúdios”, alertou.

A declaração ecoa preocupações mais amplas dentro do mercado de games sobre o impacto da busca por metas financeiras agressivas. Os recentes cortes da Microsoft — que superam 9 mil funcionários em toda a empresa, incluindo divisões da Activision Blizzard, Bethesda e Xbox Game Studios — já causaram o cancelamento de vários jogos, a reestruturação de equipes e, ao que tudo indica, o fim da franquia Forza Motorsport como a conhecemos.

Fonte: Automaton-Media