Cofundador da Arkane responsabiliza Game Pass pelas demissões na divisão Xbox

A onda de demissões promovida pela Microsoft na última semana continua a repercutir na indústria de games. Desta vez, foi Raphael Colantonio, um dos cofundadores da Arkane Studios e codiretor do primeiro Dishonored, quem veio a público criticar duramente a gigante de tecnologia — com foco especial no modelo do Game Pass.
Utilizando sua conta pessoal no X (antigo Twitter), Colantonio afirmou que o Game Pass é economicamente insustentável e representa uma ameaça ao ecossistema de jogos como um todo. Para ele, a Microsoft tem usado sua força financeira para bancar um sistema de distribuição que, embora seja atrativo para os consumidores no curto prazo, pode resultar em danos estruturais à indústria a longo prazo.
Why is no-one talking about the elephant in the room? Cough cough (Gamepass)
— Raphael Colantonio (@rafcolantonio) July 5, 2025
“Acredito que o Game Pass é um modelo insustentável que está causando danos crescentes à indústria há uma década, subsidiado pelo ‘dinheiro infinito’ da Microsoft”, escreveu o desenvolvedor.
“Mas, em algum momento, a realidade vai chegar. Não acredito que o GP possa coexistir com outros modelos. Ou eles vão matar todos, ou vão desistir.”
Apesar do impacto que teve durante seu tempo na Arkane, Colantonio deixou o estúdio em 2019 e fundou a WolfEye Studios, responsável por Weird West e atualmente envolvida em um novo projeto descrito como uma fusão entre Dishonored e Prey.
Modelo divide a comunidade de desenvolvedores
As falas de Colantonio se somam a um coro crescente de críticas à Microsoft, que enfrenta questionamentos sobre o impacto do Game Pass nas vendas de jogos e na sustentabilidade dos estúdios. Segundo ele, o serviço pode acabar sendo um cavalo de Troia: “Os jogadores gostam agora, porque a oferta parece boa demais para ser verdade, mas eventualmente até eles vão odiá-lo quando virem os efeitos sobre os games.”
No entanto, não há consenso na indústria. Estúdios como o britânico Rebellion destacaram que o Game Pass pode ser benéfico para jogos menores, ampliando seu alcance e garantindo um público interessado. O recente Atomfall, por exemplo, foi elogiado por se beneficiar da exposição trazida pelo serviço.
Ainda assim, há sinais de que o crescimento do Game Pass está abaixo das expectativas internas da Microsoft, o que pode ter pressionado a empresa a cortar custos — afetando diretamente estúdios e funcionários.
Prioridade da Microsoft agora é a IA
As demissões em massa também estão ligadas à estratégia corporativa da Microsoft de realocar investimentos para o setor de inteligência artificial, que deve receber mais de US$ 80 bilhões nos próximos 12 meses. Para viabilizar esse movimento, a empresa decidiu reduzir gastos em áreas que considera menos estratégicas, como parte da divisão Xbox.
Enquanto a Microsoft evita comentar diretamente sobre os impactos do Game Pass nas demissões, a preocupação com a sustentabilidade do modelo segue crescendo entre profissionais da indústria.
Fonte: VGC